Dia 28 de Setembro 2007, ás 16.30H, é inaugurada uma exposição de escultura e pintura, integrada nas Jornadas Europeias do Património, no Convento de Cristo, em Tomar. Estará patente ao público visitante do Convento até 28 de Dezembro 2007.
Na rota do simbólico, acordar o inconsciente, viajar para além do símbolo, ao encontro de afectos, espaços e identidades
O símbolo é uma forma poderosa da comunicação humana, uma forma de linguagem, transversal a todas as culturas porque emerge do inconsciente. Segundo Carl Jung, os símbolos nascem do inconsciente, da sombra, assumem um poder interior do qual estamos conscientes e ultrapassam a própria palavra oral ou escrita.
O simbolismo representa e desempenha um papel importante na actividade mental superior. Presente nas diversas culturas, numa espécie de “inconsciente colectivo”, integra padrões instintivos de pensamento e comportamento que reconhecemos como emoções e valores. Enquadra uma espécie de inteligência genética comum, reflecte sentimentos e imagens, materializa-se na forma na procura do significante. Os símbolos exprimem modelos ou padrões de imaginação que povoam os mitos, lendas, narrativas, ritos, rituais e cerimónias dos povos.A função intuitiva, segundo Cann e Dondieri (1986), está ligada aos arquétipos: anima (feminino), animus (masculino), mãe terra, pai sol, sombra ( expressão de desejos básicos que procuramos esconder no inconsciente),etc.
O homem sempre usou símbolos para exprimir o quê e o porquê das forças criativas e dinâmicas, subjacentes à sua existência. Ao contemplar o universo, tenta decifrar e integrá-lo no sentir da sua existência. Usa a linguagem dos símbolos, tenta conhecer-se a si próprio, procurar luz e conhecimento, segundo uma estruturação religiosa, gnósica ou filosófica. Os símbolos estão relacionados com a descoberta de significados, na tentativa de ir além das suas necessidades básicas de sobrevivência. Estão para além da razão, procuram a realidade profunda, a verdade, na tentativa de criar uma linguagem dirigida ao íntimo, ao coração de si próprio. Os símbolos são expressões conscientes do inconsciente.
O simbolismo aparece também na arte. Expressa-se nos arquétipos, imaginários ancestrais ou mensagens manifestas ou ocultas.O artista faz uso do símbolo para expressar sentimentos, emoções e preocupações do seu tempo, na procura do autoconhecimento, do rasto, da luz, na imortalidade desejada , na transcendência. O simbolismo e arte criativa têm origem comum nos processos mentais do inconsciente, sendo frequente o
artista inclui-lo nas suas obras, com o seu poder de abrir o caminho da paz interior e a sabedoria espiritual.
Uma obra de arte encerra em si uma linguagem, um tipo de conhecimento, um efeito psicológico intenso, um alimento espiritual. No fundo, a arte figurativa ou abstracta, tem uma função simbólica, distinta da linguagem dos símbolos. Enriquece o caminho da vida, a análise crítica, o gosto pela subtileza no prazer da emoção estética. A subjectividade é a sua alma, força, mistério e encantamento. Tem a capacidade de acordar e surpreender o nosso imaginário, a forma significante, aquém e além do símbolo.
Júlio Pêgo/Setembro/2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
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